domingo, 14 de dezembro de 2008

Sinos e sinais.

Estava lendo e pensando sobre a catástrofe que atingiu meu humilde estado de SC.
É tanta dor, tanto sofrimento, tantas perdas... Não sei o quê sentirei quando for pra lá nos dias que se aproximam! Só de conversar com amigos e amigas, comove muito.
E me leva a pensar em porquê disso tudo... Encontro algumas respostas. Outras ainda não encontrei.
Encontrei, também, um texto, em que Marina Silva cita o seguinte trecho:

Na Londres de 1624, os sinos da catedral de São Paulo, onde o poeta John Donne era o Deão, tocavam quase ininterruptamente anunciando as milhares de mortes causadas pela peste. Atingido por grave enfermidade (que chegou a ser confundida com a peste) Donne escreveu então um de seus textos mais conhecidos, a Meditação XVII: "Nenhum homem é uma ilha, sozinho em si mesmo; cada homem é parte do continente, parte do todo; se um seixo for levado pelo mar, a Europa fica menor, como se fosse um promontório, assim como se fosse uma parte de teus amigos ou mesmo tua; a morte de qualquer homem me diminui, porque eu sou parte da humanidade; e por isso, nunca mandes indagar por quem os sinos dobram. Eles dobram por ti."
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É incrível que, nessas horas, muitos não conseguem nem pensar nos outros. Muitos não se atentam para este fato, de que não somos ilhas, e precisamos enxergar o próximo, porque a dor do outro é minha. Está em mim e em ti.
O outro sou eu e eu sou tu.
Como disse o poeta e cantadô, precisamos estar em-com-o-outro, nesses encontros. Sejam eles concretizados fisicamente, ou mesmo espiritualmente, em alma-e-corpo.
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Estamos todos juntos.
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Essa idéia me fascina e me intriga. Ainda não capturei o que ela me traz...
Comovo-me por ti, Santa e Bela Catarina. Comovo-me por nós, nossas vidas e nossa história.
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[Post ao som de L. V. Beethoven - "Ghost"]

6 comentários:

Andarilho disse...

Eu não sinto nada. Há algum tempo deixei de sentir qualquer coisa...

Ana P. disse...

Em qualquer sociedade vai existir os que se importam e os que não se importam mto. Somos seres humanos, temos interesses, necessidades, opiniões, aptidões, crenças e desejos diferentes. Por conta disso que mtas vezes eu deixo de me importar com o irmão que sofre, para me importar apenas com o meu próprio umbigo gigante. Vide post no sadojornalismo sobre a história das coisas.

Agora, amiga: como seres humanos, tb temos tendência a sempre sempre sempre olhar o lado mais negativo da coisa. Não dá pra ficar olhando apenas para o lado dos muitos que não fazem nada. Porque, os poucos que estão fazendo alguma coisa, estão fazendo algo lindo, e ISSO SIM merece ser falado a respeito.

Os outros são os outros. Um dia eles despertarão.

jujudeblu disse...

A questão que eu quis trazer nem foi essa, mas sim, pensar sobre coisas que não pensamos, sobre o que esta catástrofe tão sofrida pode nos ensinar, nos mostrar...
E é sobre isso que estava eu a pensar quando escrevi o post.

Pamela Lima disse...

"a morte de qualquer homem me diminui, porque eu sou parte da humanidade; e por isso, nunca mandes indagar por quem os sinos dobram. Eles dobram por ti."

tudo dói em mim, principalmente quando navego domingo a noite. É crônico. Já desisti de não me culpar, ou de não abaraçar as dores do mundo, ainda que não faça nada realmente grandioso para mudar.

Unknown disse...

éam, achei triste, como outras tragédias, mais triste ainda é a atuação do governo pra evitá-las... estamos todos sujeitos a isso, literalmente... já vejo uma dessas por SP

Ana P. disse...

Estou com saudades dos posts da dona Marcília... Nhunf!