domingo, 26 de julho de 2009

Aceitação

Vamos abrir o muro das lamentações?

Bom, ontem eu estava com muita coisa pra fazer, então achei que seria uma boa assistir novamente toda a segunda temporada de House MD. Não conhece, foda-se, você não merece viver.

Enfim, continuando, resolvi assistir a temporada, blá blá blá, e logo no primeiro episódio da segunda temporada, House menciona o modelo de Kübler-Ross. Bom, ele não menciona com esse nome e pans, mas eu pesquisei no Google [Amém!], e achei esse nome aí. Esse modelo trata nada mais, nada menos, do que da descrição dos cinco estágios pelo qual uma pessoa passa ao lidar com a morte, ou com perdas em geral.

Vim aqui para dizer para vocês que eu passei incólume pelos cinco estágios. Vamos lá?

1. Negação e isolamento: "Isso não pode estar acontecendo."

Você conhece um cara gato, ou no caso dos garotos, uma mina gostosa. Acaba rolando a sintonia, o sexo entre vocês é incrível. Na cama e fora dela, o entendimento parece perfeito, e vocês se dão super bem. Um dia, do nada, vocês se afastam. Não é culpa de ninguém, culpa do sistema. E aí você até fica de boa. Nos primeiros dias. Um mês depois, ainda sem encontrar ninguém pra soltar seus hormônios, você não acredita no que está acontecendo com você. Você nega, você se rebela, você diz que não é verdade. É sim, amiga. É sim, amigo. Você está há um mês sem dar uma gozada. É isso mesmo.

2. Raiva: "Por que eu? Não é justo."

Então você olha ao seu redor e vê que todos os seus amigos estão transando alguém bacana. Todo mundo gozando, todo mundo com a pele bonita e você... NADA! Nem umas bitoquinhas pra distrair durante o processo. Absolutamente NADA. Então você se ataca de ódio e rancor, e fica pensando O QUE ESSAS BARANGAS E ESSES BROXAS MAL AMADOS TÊM QUE EU NÃO TENHO??? Bom, sabe aquelas mulheres toda raivosas, que o povo diz "ih, isso é falta"? Pois bem, essa é a fase 2 do processo.

3. Negociação: "Me deixe viver apenas até meus filhos crescerem."

Bom, nos cinco estágios em que a pessoa lida com a morte, a negociação é a fase em que ela negocia basicamente com deus. Ou com os médicos. Ou com a putaqueopariu. No seu caso, amiga e amigo, você negocia com a sua consciência. Lembra aquele bêbado chato, irritante, que grudou em você como o chiclete na cruz? Aquele cara com quem você só transou uma vez, foi horrível, mas o cara xonou por você e agora... agora que você conseguiu se livrar dele, você pensa seriamente em ligar pra ele e marcar aquela noite de sexo, drogas e rock and roll, sexo selvagem e violento. Porque né, você precisa negociar com alguém pra te livrar dessa zica de falta de sexo. E você, amigo, lembra daquela baranga que você pegou na festa? Aquela que te ligou dois meses seguidos, que te fez trocar de celular, de casa, de país? Até ela te parece apetitosa agora? Não se desespere, amigo, falta pouco, não apele... você está chegando na fase da...

4. Depressão: "Estou tão triste. Por que se preocupar com qualquer coisa?"

É. Você meio que entregou os pontos. Você está tão triste e infeliz, você não tem ânimo pra fazer justiça com as próprias mãos. Capaz de, se surgir alguém agora, pra ser PA [no caso das amigas] ou BA/VA [no caso dos amigos], você dispensar com aquela cara de sofrimento e dizer "eu preciso de algo além disso". Você precisa de amor? O caralho, você precisa de sexo. Mas né, você está tão triste que até essas questões físicas do ser humano já passaram além de você. Então, meu amigo e minha amiga... você finalmente chega na fase 5. Lute, mas lute MUITO para não chegar nessa fase.

5. Aceitação: "Tudo vai acabar bem."

Acabou. Nessa fase, você desiste do sexo. Aí você me diz "ah, Aninha, se surgir beleza, se não surgir, tá beleza também"? Não, caro amiguinho, cara amiguinha. Você DESISTE do sexo. Você prefere que ele não surja. Você prefere nem mesmo ter muito contato com o sexo oposto. Bater uma ficou nos seus sonhos longínquos. Às vezes, até surge aquela vontade. Daí você começa a se tocar e pensa: "que bosta". E para e vai dormir. Você só lembra de sexo quando você tá bêbado ou bêbada. Aí você vai dormir. Quando você vê alguma cena caliente no cinema ou na novela, você pensa "que idiotas, como se isso fosse tudo".

Você cogita a ideia de virar padre ou freira. E acredita piamente que tudo vai ficar bem, porque o sexo não é mais importante do que o amor.

Os cinco estágios para lidar com a morte não se aplicam apenas a essa perda irreparável. Qualquer fase de mudança, pessoal, profissional, o que seja, pode implicar na passagem por esses cinco estágios. No episódio de House que mencionou os cinco estágios, Cameron está lidando com uma paciente terminal, câncer de pulmão. E curiosamente, quem passa pelos cinco estágios não é a paciente, mas a própria médica.

No caso da falta de sexo, meu amigo e minha amiga, seus amigos não passarão por esses cinco estágios por você. Eles podem, no máximo, bater nas suas costas e dizer "É... complicado".

Só você pode experimentar a sensação de saudade depois de sete meses sem. Ou mais, né? Virar freira não deixou de ser uma opção.

domingo, 19 de julho de 2009

Todo mundo tem direito a ter problemas, menos eu

Acredito que o título do post é bem elucidativo e nem precisaria de texto, né? Não, precisa sim. Sabe, não me acho assim uma amiga extraordinária, muito pelo contrário. Eu dou uma mancada atrás da outra mesmo, assumo e peço desculpas, que é o máximo que eu posso fazer. Depois da merda feita, num dá pra enfiar o cocô no cu de volta, né? Dá pra limpar a cagada, dar a descarga e continuar a vida linda e bela.

Bom, dito isso, acho incrível que muitas pessoas do meu convívio, gente amiga de vez em quando também, tá? Acho incrível que as pessoas simplesmente NÃO ACEITEM e façam BIQUINHO quando eu digo "olha, tô mal, pode ficar pra próxima?". Nãããão, eu sempre tenho que estar disposta, sempre tenho que ouvir as tretas e problemas de TODO MUNDO, e olha, nem fico por aí tipo chorando em cada ombro que eu encontro disponível. Quem me conhece sabe que se tem uma coisa que eu ODEIO é ficar falando de mim.

Mas aí tem dias que num dá, né, a tristeza aumenta, a solidão aperta e você quer sofrer por cada minuto da sua existência. O sofrimento é sim, inerente ao ser humano. Gostamos de sofrer. E eu NÃO SOU EXCEÇÃO! E quando eu tô sofrendo, eu gosto de sofrer no meu lar, recolhida à minha insignificância. Posso? Posso querer ficar o dia inteiro COÇANDO? Posso querer ficar o final de semana inteiro deitada, embaixo do edredon, cabelos por lavar? Tenho esse direito?

NÃO, ANA P., VOCÊ N-Ã-O - T-E-M - E-S-S-E - D-I-R-E-I-T-O!

Então tá, né, fingir a sociabilidade é uma coisa que eu já faço mesmo quando eu tô legal. Agora, quando eu tô UM PORRE, é foda. É foda, é só o que eu te digo.

Bom, era só um desabafo. Se a carapuça serviu, promete que você num vai morrer de ódio de mim? É um problema que eu tenho, sabe, não conseguir FALAR quando eu tô com raiva. Eu prefiro escrever.

domingo, 12 de julho de 2009

Arteira

Eu sempre exigi muito de mim. Não ao ponto da perfeição, mas nunca achei nada do que eu faço algo extremamente belo ou bem feito. Nunca fui uma pessoa das artes, por exemplo. Nunca cantei bem, apesar de adorar cantar, tenho uma voz horrorosa. Ou que eu sempre achei horrorosa.

Nunca soube desenhar, e acho que de todas as artes, essa é a que mais me decepciona. Porque eu sempre admirei muito as pessoas que sabem desenhar, quase de invejar mesmo, e ficava pensando PORRA, porque eu só sei desenhar casinha? E daquelas mal desenhadas ainda, que ficavam com o telhado torto. Minha maior alegria foi aprender a desenhar a janelinha com cortina. Horríveis, diga-se de passagem.

Fotografar ou filmar, como a faculdade só veio confirmar, também não são meu forte. Estou tentando sinceramente mudar esse perfil, mas não dá, não tenho o dom, não consigo, não sai bonito.

Me restou escrever. Mas ah, mesmo escrever, eu sempre achei que escrevia mal, coisas sem sentido, mal argumentadas ou sem nenhuma emoção. Principalmente nesses meus momentos de hiato criativo, que ficava aquelas coisas meio forçadas, sentimentos mal resolvidos, emoções que não foram vividas, enfim.

E hoje, eu posso continuar não gostando das coisas que eu escrevo, mas escrevo, porque uma hora ou outra, um comentário ou outro, numa conversa ou noutra, eu ouço, leio e entendo. Que a minha arte é escrever, e dela eu não mais irei desistir. Nessa arte eu quero me aperfeiçoar.